Canciller Bodega Giol


Em meio a um jantar com os enólogos Marcelo Pelleritti e Adrián Manchón, surgiu uma garrafa deste desconhecido vinho. Claro, entre tantos vinhos de Monteviejo e Pomerol de Mme. Péré-Vergé é natural que este rótulo não atraísse tanta atenção. Marcelo apenas comentou que era um vinho argentino muito antigo, que não trazia a safra no rótulo, mas provavelmente se tratava de um assemblage de safras entre 1972 e 1976.
Guardei a foto e fui pesquisar.

A Bodega Giol foi fundada pelo imigrante italiano Juan Giol em 1911. Suas atividades no mundo do vinho se iniciaram em 1897 com seu cunhado Gargantini, numa ssociação com uma das bodegas de Pascual Toso.
Em 1915,Juan Giol deixou para seus descendentes 3000 hectares de vinhedos e voltou para a Itália onde, 1923 comprou um castelo em San Polo del Piave (Vêneto) e fundou a Cantine Giol, ativa até hoje.
Em 1954, a bodega Giol argentina foi estatizada e sua atividade perdurou até final da década de oitenta, no distrito de Maipú-Mendoza. Canciller era o nome de seu principal rótulo e também é o atual nome do bairro que ocupa 24 hectares, antes tomados por vinhedos e vinícola. Atualmente, esta marca e outras da Giol são comercializadas pela cooperativa Fecovita.
As primeiras casas construídas nesta área, em meados da década de setenta, eram destinadas à moradia dos funcionários da bodega. Até hoje, muitos ex-funcionários da estatal ainda residem no bairro, inclusive são conhecidos como giolinos.
Quanto ao vinho, o visual era rubi bem claro com halo atijolado. O aroma obviamente tinha algumas notas acéticas e terrosas, mas podia-se notar que a fruta era bastante fresca, distante do estilo atual (concentrado).
Bebemos uma parte da história de Mendoza!

Postado por Marcel Miwa.

Comentários

Anônimo disse…
Muito interessante. Um vinho que pode ser considerado relíquila até pelos argentinos.
É beber história e não só o vinho.

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