O Slow Food de Carlo Petrini
Ontem fui ao Senac assistir a palestra do fundador do movimento Slow Food (Slow Food Brasil), Carlo Petrini. Logo no início, fiquei feliz com a quantidade de pessoas que estavam na imensa fila de cadastramento interessadas nesta que vejo como uma filosofia de vida.
Sim, uma filosofia de vida, já que é um movimento gastronômico que envolve a consciência cultural, política e econômica.

Não consegui absorver em tão pouco tempo todas as informações que Petrini expôs na palestra (lerei com calma o livro Slow Food - princípios da nova gastronomia), mas algumas de suas ideias me deixaram pensativa:
"...Alimentar-se é um ato consciente.
A produção e o consumo dos alimentos devem ser equilibrados de maneira sustentável
Respeitar a diversidade cultural de cada povo.
Não devemos avaliar um alimento pelo quanto custa e sim pelo quanto vale.
Feijoada não é o único prato brasileiro. Uma cozinha tão rica deve ser mais valorizada.
O metabolismo do homem deve estar em harmonia com o da Terra.
Cozinha é uma linguagem..."
Além das ideias coerentes, Petrini tem o dom da comunicação. Consegue envolver a atenção dos que o escutam discorrendo sobre as suas verdades de maneira clara, eloquente.
Esta palestra me fez reavaliar algumas concepções. Como tudo na vida, procuro não ser radical. É certo que pelo menos tentarei me alimentar e viver de forma mais saudável e quem sabe até idealizar o sustentável, apreciar com mais atenção cada prato e comer menos (definitivamente, comer menos e melhor), mas ainda não estou pronta para eliminar as refeições em horários irregulares, o foie gras, o excesso do açúcar refinado nas minha aulas, a influência do colonialismo gastronômico na minha mesa e repor a meu organismo somente com "brasilidades".
A verdade é que sou assim, quase incoerente, gosto de comer bem, adoro orgânicos, como quase de tudo (menos o chuchu, que abomino), prefiro os pratos substanciosos, gosto de confeccionar doces mas evito comer a sobremesa, pratico a reciclagem, estou obcecada com os pães de fermentação natural, tenho sempre uma ecobag na bolsa (ao lado do saca rolhas), bebo dois litros de água ao dia, acho importante experimentar novos paladares e fico muito feliz quando escrevo sobre gastronomia.
Postado por Nina Moori.