Maní
Relutei.
Lutei comigo mesma desde que o Maní abriu. Estava decidida a nunca fazer uma refeição lá. Achava que aquela gastronomia não me convencia.
Alguns diziam que eu era nova demais para criar uma barreira entre a minha mesa e os restaurantes que flertam com a vanguardista gastronomia espanhola.
Depois de um evento no Manioca, o Marcel disse que eu precisa dar uma chance à cozinha de Helena Rizzo e Daniel Redondo.
Comecei a cogitar a hipótese. Talvez, só talvez eu estivesse sendo um pouco radical em concluir que não gostava sem antes provar.
Até que o amigo G. veio à São Paulo e quis conhecer o estabelecimento. Era a minha oportunidade de experimentar os pratos desta casa.
Após um interessante couvert (pãezinhos, "placa" de biscoito de polvilho, pirulito de parmesão, queijo e manteiga), escolhemos o Menu temporada: Lichia com foie gras, Ovo "perfecto" (com espuma de pupunha), Vieiras defumadas no lapsang souchong, Peixe do dia "ao forno", Bochecha de boi (com tubérculos) e Ninho de mandioquinha ao aroma de puxuri. Sabores, texturas e temperaturas equilibradas nos pratos.
Lichia com foie gras
Ovo perfecto (com espuma de pupunha)
Vieiras defumadas no lapsang souchong
peixe ao forno
bochecha de boi
ninho de mandioquinha ao aroma de puxuri
Entendi que o Maní era muito mais que espumas, sous-vide, thermomix, pacojet e esferificações (apesar de ainda não apreciar a ideia da feijoada esferificada). As técnicas clássicas da gastronomia também estavam lá presentes.
Reaprendi que a gastronomia é mais do que esteriótipos, é conciliar bons produtos, bons utensílios, muita dedicação com vontade (e talento) de cozinhar.
Os pratos foram harmonizados com taças de: Delas Frères Muscat de Beaumes-de-Venise, Casa Marin Gewürztraminer e Dominio de Tares Cepas Viejas Mencia (sugestões de Felipe Barreto, sommelier da casa).
O serviço da brigada de salão estava impecável.
Uma refeição cara, mas a experiência compensou.
Faixa de preço: $$$$$ (por pessoa, com água e vinho)
Postado por Nina Moori.